Fundamentação do Projecto

Fundamentação do Projecto

Partindo do subtema do Projecto Educativo da Instituição “O Caracol” para o ano lectivo 2008/2009, intitulado Coimbra é uma lição, o Projecto que pretendemos implementar possui na sua base uma temática cultural e ambiental que assenta nos espaços verdes (Matas, Bosques e Jardins).

O Coração de Coimbra é assim que se intitula o Projecto a desenvolver nas salas dos 4 anos, 5 anos I e 5 anos II.

Nesta linha, observando e confrontando o trabalho desenvolvido pela equipa educativa consideramos pertinente que este Projecto recaia sobre uma temática que permita às crianças conhecer, descobrir e explorar os espaços verdes que as rodeia possibilitando a interacção com pessoas, espaços e elementos naturais e culturais da Cidade de modo a ter um significado pessoal para elas.

Trabalhar em Projecto permite ir além do aqui e do agora ampliando o campo de conhecimentos, onde os interesses genuínos das crianças, as suas ideias e iniciativas passam a primeiro plano.

Inserindo O Coração de Coimbra na Área do Conhecimento do Mundo, a sua exploração será intimamente articulada e integrada com as restantes Áreas de Conteúdo uma vez que “O Conhecimento do Mundo deverá mobilizar e enriquecer os diferentes domínios de expressão e comunicação, nomeadamente a plástica (representação a duas ou três dimensões), a linguagem e a matemática; implica também o desenvolvimento de actividades de relação com os outros, de cuidados consigo próprio, de respeito pelo ambiente e cultura que também se relacionam com as áreas de Formação Pessoal e Social.” (OCEPE, 1997)

Todo o trabalho a realizar e a sua organização terão como objectivos que as crianças realizem experiências e aprendizagens activas, significativas, diversificadas, integradas e socializadoras na perspectiva de uma actividade educativa que olha a criança como um todo.

Urge ressaltar que este projecto enquanto instrumento que possibilita exercitar a nossa capacidade de percepção frente às necessidades e interesses das crianças assume um carácter aberto, flexível e pode ser alvo de reformulações.

Por reconhecermos a importância da partilha de conhecimentos, não só para o receptor como também para o emissor serão estipulados, no final de cada temática trabalhada por grupo, ocasiões de partilha entre as várias salas da Instituição “para que os saberes construídos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem dos restantes (Qualidade e Projecto, 1998).

No trabalho de Projecto é fundamental o envolvimento da família na colecta de informação e materiais. Assim um dos nossos objectivos é também envolver a família no processo de aprendizagens das crianças (Jardim de Infância – casa) de modo a proporcionar interacções significativas e de qualidade. Pretendemos aproximar o Jardim de Infância da família promovendo o diálogo pais – filhos tornando viável e valorizando a participação e o envolvimento de todos no processo ensino-aprendizagem. Beker, sit Cavalcant (1998) (1) afirma que os pais que estão envolvidos na escolaridade dos filhos desenvolvem uma atitude mais positiva em relação ao Jardim de Infância e a si mesmos, tornando-se mais activos na sua comunidade e melhorando o seu relacionamento com os seus filhos.

 

Bibliografia

 

(1)  Bhering, Eliana; Nez, Tatiane , (2002).Envolvimento dos pais na creche: Possiblidades e Dificuldades de parceria . Psicologia: Teoria e Pesquisa. Universidade do Vale do Itajaí in https://www.scielo.br/pdf/ptp/v18n1/a08v18n1.pdf

 

Ministério da Educação (1998). Qualidade e Projecto. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica

 

Ministério da Educação (ed.) (1997). Orientações Curriculares da eduacção Pré-escolar. Lisboa: Ministério da educação. 

 

 

 

 

 

Reflectindo em Pedagogia de Projecto

  

Um modelo curricular estipula um conjunto de pressupostos sobre os recursos e estratégias que vão possibilitar a apropriação do conhecimento, tal como refere Spodeck & Brown (2002;citado por Pires, 2007, p.194) “um modelo curricular é uma representação ideal de premissas teóricas, políticas e administrativas e componentes pedagógicas de um contexto que visa obter um determinado resultado educativo”. 

Em Portugal, existem alguns modelos curriculares entre os quais salientamos, a Pedagogia de Projecto na qual desenvolvemos parte da nossa prática pedagógica, o Movimento da escola Moderna e o Método João de Deus. Contudo, os educadores de infâncias não enquadram a sua acção educativa em nenhum modelo específico, ou seja, utilizam diferentes modelos, adoptando os aspectos mais pertinentes de cada um.

No quotidiano, utiliza-se a palavra “projecto” com significações distintas, todavia, quando se pretende projectar alguma coisa, está sempre implícito o objectivo que se quer alcançar. Um projecto é uma investigação em profundidade sobre uma situação problemática que seja considerada pertinente, quer para a intencionalidade educativa do educador, quer para a vivência/ experiência das crianças. ( Katz, 1994; citado por Serra, 2001 ).

Segundo Katz e Chard (1997, p.3-4), a pedagogia de Projecto é um estudo em profundidade de um determinado tópico que uma ou mais crianças levam a cabo […]. Poderá prolongar-se por um período de dias ou semanas, dependendo da idade das crianças e da natureza do tópico. […] Ao contrário da brincadeira os projectos envolvem as crianças num planeamento avançado e em várias actividades que requerem a manutenção de esforço durante vários dias ou semanas”

As actividades que se desenvolvem neste modelo pedagógico estão relacionadas com os problemas do quotidiano, no nosso caso, centram-se nos espaços verdes da cidade de Coimbra. Nós e as crianças elaboramos um plano de acção, onde eles referiram o que já sabiam e o que gostariam de saber. Esta é uma pedagogia flexível pois parte da iniciativa das crianças, de modo a ir ao encontro dos seus interesses sobre a questão formulada. “A pedagogia de projecto implica flexibilidade, inflexões e mudanças e reformulações ao longo do processo.” (Qualidade e Projecto, 1998, p.139)

A origem do tema não caracteriza o trabalho desenvolvido através de projectos, mas sim o tratamento dado a esse tema, no sentido de torná-lo uma questão do grupo como um todo e não apenas de algumas crianças ou do educador. Deste modo, os problemas ou temáticas podem surgir de uma criança em particular, do grupo ou do educador. O que se faz necessário garantir é que esse problemas passe a ser de todos.

Para dar início ao projecto, durante o diálogo estabelecemos momentos estimulantes de planeamento, estimulando as questões das crianças, transformando-os em tópicos para pesquisar, registando todas as questões.

A Pedagogia de Projecto é constituída por quatro fases, sendo elas:

A Fase 1: Definição do Problema

Nesta etapa, as crianças irão expressar as suas ideias e conhecimentos sobre o problema. Este passo é importantíssimo, pois é dele que depende todo o desenvolvimento do projecto. As crianças já trazem hipóteses explicativas, concepções sobre o mundo que o cerca. E é dessas hipóteses que a intervenção pedagógica precisa partir, pois dependendo do nível de compreensão inicial das crianças, o processo pode tomar um outro caminho. Nesta fase, nós registamos o que as crianças já sabiam, o que gostariam de saber e como iriamos fazer sobre esta problemática. Foi a partir das questões levantadas nesta etapa que começamos a construir a nossa teia.

Fase 2: Planificação e Lançamento do trabalho

Nesta fase as crianças começam a tomar consciência do que que vai ser abordado. Iniciamos as divisões de tarefa e criaram-se as estratégias para encontrar respostas às questões e hipóteses levantadas na fase anterior, pois é  necessário que as crianças se deparem com situações que as obriguem a comparar outros pontos de vista,uma vez que podem surgir novas ideias a acrescentar à teia.

 Fase 3: Execução

Esta é a fase da acção e foi a mais estimulante para as crianças. Os conteúdos que eles recolheram nas suas pesquisas, através das nossas saídas ao jardim botânico, da construção de materiais, do visionamento dos filmes, da partilha de conhecimentos entre os diferentes salas, entre outras actividades,  de modo a operacionalizar os conteúdos.

Fase 4: Avaliação

Nesta última fase, as crianças partilharam o seu saber, tornando-o útil aos outros. Essa apresentação foi feita através de maquetes, álbuns, livros, entre outras coisas. Por último avaliaram o trabalho e comparam com o que aprenderam com as questões que formularam inicialmente.  

 

 

 

Bibliografia

 

KATZ, L. e CHARD, S. (1997). A abordagem de projecto em Educação de Infância. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian

 

Ministério da Educação (1998). Qualidade e Projecto. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica

 

PIRES, Cristina, (2007). Educador de Infância - Teorias e Práticas. Lisboa: Profedições.

 

SERRA, Célia, (2004). Currículo na Educação Pré-escolar e Articulação com o 1º Ciclo do Ensino Básico. Porto: Porto Editora.

 

 

 

 

 

 Objectivos gerais do projecto

 

Ø       Reconhecer alguns aspectos do ambiente natural, social e cultural;

Ø       Sensibilizar as crianças para a preservação do meio ambiente;

Ø       Respeitar a natureza como elemento indispensável à nossa sobrevivência;

Ø       Fomentar o desejo de experimentar e explorar;

Ø       Estimular a curiosidade e o desejo pelo meio ambiente;

Ø       Sensibilizar as crianças para a observação e conhecimento do Mundo que os rodeia;

Ø       Promover o contacto directo com a natureza.